A foto de Kevin Carter que chocou o mundo - Prémio Pulitzer 1994

17 de fevereiro de 2010

Fotografar é uma Arte! com: Kevin Carter
 Enviado por Francine de Mattos 


A foto de Kevin Carter que chocou o mundo - Prémio Pulitzer 1994
 “Um homem ajustando suas lentes para tirar o melhor enquadramento do sofrimento dela talvez também seja um predador, outro urubu na cena”, comentou sobre a própria obra o fotógrafo sul-africano Kevin Carter (1960-1994). A polêmica foto acima foi tirada em março de 1993, numa viagem ao sudeste do Sudão. Carter chegou com a intenção de documentar os movimentos rebeldes do país, mas o horror da fome e da miséria acabou conduzindo seu trabalho.

 Numa dessas expedições, Carter encontrou a criança da foto rastejando faminta até um campo de alimentação da ONU, a aproximadamente um quilômetros do local. O fotógrafo observou a garota, e percebeu um urubu a espreita. Carter diz ter aguardado até vinte minutos, esperando que o pássaro se retirasse. Como o urubu não saiu, ele procurou o melhor enquadramento, tirou a foto e açoitou o predador. Depois, partiu dali abandonando a criança da maneira que a encontrou.



Kevin Carter

A foto foi publicada pela primeira no The New York Times, em 26 de março de 1993. Imediatamente, a reação popular se manifestou. 

Cartas e telefonemas inundaram a redação do jornal americano, questionando o paradeiro da criança (até hoje desconhecido) e o comportamento do fotógrafo após conseguir a imagem. A situação era, no mínimo, paradoxal.


Se para grande parte do público o fotojornalista foi desumano, sádico e frio, por não intervir no sofrimento da criança, para a crítica especializada Kevin Carter merecia todos os cumprimentos pelo profissionalismo e objetividade. 


Ganhou o Prêmio Pulitzer por Fotografia, em 23 de maio de 1994, o mais importante prêmio jornalístico do mundo, ao mesmo tempo em que sofria pressão popular e pessoal pela sua foto mais famosa. “Essa foi a minha foto de maior sucesso, depois de dez anos como fotógrafo, mas não quero pendurá-la na parede. Eu a odeio” declarou em entrevista a revista American Photo.

Herói engajado ou urubu predador?

Kevin Carter começou a carreira em 1983, fotografando eventos esportivos para o jornal Sunday Express, de Johannesburgo, maior cidade da África do Sul. Logo trocaria de jornal, e passaria a cobrir atrocidades políticas para o diário Star. Com os fotógrafos Greg Marinovich, Ken Oosterbroeck e João Silva, reportou em imagens espetaculares a crueldade do apartheid, nos anos entre a libertação de Nelson Mandela (1990) e sua eleição como primeiro presidente negro do país (1994).


O quarteto recebeu o apelido de Clube do Bangue Bangue, pela coragem em expor a própria vida em busca de retratos do terror ao redor. O risco era alto. Oosterbroeck foi morto ao ser atingido por uma bala à queima-roupa, disparada por engano pelas forças de manutenção de paz, no subúrbio de Tokhoza. Marinovich precisou se submeter a sete cirurgias após ser baleado no peito, mas sobreviveu.


Em comum, os quatro - com exceção de João Silva, de Moçambique – cresceram em ambiente branco-burguês numa desigual África do Sul, e se mostravam desiludidos com o país, com a sociedade racista e com a existência em si. Marinovich declarou que vivia de registrar a vida dos outros para tentar esquecer-se da sua própria. Talvez por isso a tamanha coragem e frieza.

Mas nenhum dos outros membros do Clube Bangue Bangue imaginaria um fim tão trágico para Kevin Carter. Após a foto que o tornara conhecido mundialmente, o fotógrafo começara a abusar exageradamente das drogas, e vivia reclamando da falta de dinheiro, da depressão e da enorme culpa. Em 27 de julho de 1994 levou seu carro até um local da sua infância e suicidou-se utilizando uma mangueira para levar a fumaça do escape para dentro de seu carro. Ele morreu envenenado por monóxido de carbono aos 33 anos de idade. Partes da nota de suicídio de Carter dizia:


Estou deprimido… Sem telefone… Sem dinheiro para o aluguel.. Sem dinheiro para ajudar as crianças… Sem dinheiro para as dívidas… Dinheiro!!!... Sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor... Pelas crianças feridas ou famintas... Pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos... Se eu tiver sorte, vou me juntar ao Ken...



Kevin Carter
Seus colegas receberam a notícia do suicídio com irritação, e passaram a defender Carter ao público, ressaltando seu profissionalismo e tentando explicar mais uma vez a ocasião da foto. Segundo eles, os fotógrafos recebiam a recomendação para não tocar pessoas na África, sob o risco de contágio. Marinovich, depois de algum tempo, disse que também vivia atormentado com as imagens perturbadoras que ele próprio captara. A ideia de suicídio rondava sua mente frequentemente, e que certa vez quase se atirou nas águas do Rio Danúbio.
 

O fato tomou grandes proporções, sempre dividindo opiniões. Em 1996, a banda do País de Gales, Manic Street Preachers, conhecida por seu comportamento radical e declaradamente socialista, ironizou a atitude do fotojornalista com a canção “Kevin Carter”, do álbum Everything Must Go. 

O documentário The Death of Kevin Carter: Casualty of the Bang Bang Club [A Morte de Kevin Carter: O Desastre do Clube Bangue Bangue] recebeu uma indicação ao Oscar em 2006. O filme Amor Sem Fronteiras (2003), estrelado por Angelina Jolie, recria em cena a imagem da foto captada por Kevin Carter.


A história do quarteto virou livro, escrito pelos sobreviventes Greg Marinovich e João Silva. “O Clube do Bangue-Bangue”, lançado no Brasil em 2003, pela Cia. Das Letras, é um relato dos dilemas éticos que o quarteto constantemente passava. 

Um dilema que o jornalista deve estar sempre disposto a enfrentar. Segundo Marinovich: “Tragédias e violência certamente geram imagens poderosas. É para isso que somos pagos. Mas cada uma dessas fotos tem um preço: parte da emoção, da vulnerabilidade, da empatia que nos torna humanos se perde cada vez que o obturador é disparado. Evidente que em grau maior, trata-se da mesma banalização que nos acomete ao olhar os jornais diariamente: há abismos demais.”

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9 comentários :

  1. nossa qe nojo eka eu nunka faria issu pow é nojeto meu

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  2. É meu caro este ai já passou pro outro mundo, acredito que está acertando as contas dele que não devem ser pouco!

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  3. anonimo..vc ñ sab como é na africa parece outro Mundo..infelizmente as pessoas ñ podem se dar ao luxo de escolher...é uma miséria total...nós q vivemos aki no brasil,devemos agradecer muito por tudo q temos..principalmente por termos o q comer todos os dias..tive a oportunidade de conhecer a africa...tive vontade d ajudar a todas essas pessoas,principalmente as crianças...mas infelizmente ñ pude...numma situção na qual eles vivem pode ter certeza,voce no lugar deles faria mesma a coisa, é desesperador...SÓ quem viu e tá vivendo sab como é

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  4. Esse Kevin Carter foi muito desumano deixando a criança naquele sofrimento!Devemosgradecer por termos pão e água todos os dias oara poder comer e tomar...espero q no futuro as condições da áfrica melhorem!!:(:(Um beijãããão ára todas as pessoas que lerem o meu comentário e para as que visitarem esse blog e para as pessoas da África!!!

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  5. Egoista e sônfrega.Assim se classifica a atitude desse fotografo.Por que não a ajudou?
    Só não me venham como essa história de proficionalismo,porque ele já havia conseguido o que queria!
    Agora imagina você,essa foto com o final feliz..........

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  6. Foi de extremo egoísmo sim, mas não devemos julgá-lo de tal maneira, ele registrou uma cena que acontece constantemente lá, e sem contar que eles (os fotógrafos) não podiam tocar nas crianças, se repararem bem na foto visualizaram que a criança tem uma pulseira no braço, indicando que ela estaria sendo ajudada pela ONU, ela sobreviveu à fome e evitou o abutre. Segundo o pai, morreu há sete anos, em 2006, jovem adulto, vítima "de febres", não de fome . Kevin Carter carregou com sigo a dor de presenciar uma das situações de extrema angustia e dor.

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  7. Gente esquece uma pessoa que fala EKA E NUNKA.
    Deve ser adolescente.
    Jogar pedra em semi-analfabeto mimado é total perda de tempo.
    Leiam Destruição em massa do Jean Ziegler é muito bom e conta várias experiências dele na Africa, maravilhoso o livro.
    Melhor do que se fazer de caridoso vendo uma foto por dois minutos e criticando uma pessoa analfabeta que nem tem idéia do que fala.

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  8. PENSEM: o que cada um de vocês fazem para reduzir a fome no mundo?

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  9. VOCÊ SABIA QUE: cada cidadão de países ricos desperdiçam (jogam fora) entre 80 e 120 kg de alimentos por ano. Cada um de nós é responsável.

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