Cantor era perfeccionista e rígido com a lição de
casa dos filhos
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Nascida em 1967, Cedella Marley é a filha biológica
mais velha do cantor Bob Marley. No momento em que um documentário sobre
a vida do artista estreia pelo mundo, ela relembra, em entrevista à
BBC, que seu pai era "o mais legal possível", mas surpreendentemente
rígido. Leia seu depoimento:
Ele era um pai legal, o mais legal possível.
Nunca levantava a voz para nós. Acho que, porque passava tanto tempo na
estrada, quando não estava viajando era algo como "temos quatro dias, o
que vamos fazer? Vamos nos divertir".
Quando estava em casa, era ele quem nos buscava na escola e nos
levava à praia. Íamos correr, nadar. Ele era competitivo, fanático por
exercícios.
O estilo dos meus pais era: "Se estamos
disputando uma corrida, não pense que vamos deixar você ganhar!". Era
uma época divertida - assisti-lo enquanto ele nos via perdendo!
Cedella Marley (à esq., com a irmã Karen) diz que
sentia orgulho
quando o pai ia buscá-la na escola
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Não diria que ele era um pai meloso, mas era divertido. E engraçado - sempre tentava te fazer rir.
Escrevia canções ao nosso redor, e isso também
era divertido de ver. Era algo meio casual - ficávamos assistindo TV e
ele ali, com seu violão.
(A canção) "Nice Time" era a minha canção de ninar, e ele a escreveu pra mim quando eu nasci.
A música foi algo importante em nossa infância.
Não era algo que éramos obrigados a fazer. A atitude do meu pai era: "Se
você quiser fazer música, pode, mas daí terá que fazer muito bem".
Ele era um perfeccionista - tudo tinha que ser perfeito.
E era muito rígido com a nossa lição de casa.
Frequentávamos escolas católicas. Era engraçado porque as pessoas
diziam: "Seu pai é tão rastafari". Eu respondia: "Pois é, e ele nos
manda a escolas católicas!".
Sendo criado na Jamaica, culturalmente você
desenvolve preconceitos religiosos. E, sendo filha de pais rastafaris,
as pessoas queriam me fazer sentir "menos do que elas" por causa da
religião. Acho que é por isso que, para o papai e mesmo para nós, os
filhos, era importante se superar - sempre estávamos tentando romper
barreiras, mudar as coisas e fazer algo diferente com as nossas vidas.
O papai queria que eu fosse uma médica ou
advogada. Agora, olhando para trás e, pensando em todos os problemas
legais que tivemos, provavelmente eu devesse ter cursado direito!
Meu pai tinha namoradas. Acho que fazia parte da
vida - eu nunca me casaria com um músico. Mas sua relação com a minha
mãe parecia amorosa. Sempre que eu os via, pareciam amorosos.
Minha mãe criou a maioria dos filhos do meu pai
em algum momento. Todos vivemos na mesma casa em alguns momentos. E
mesmo agora, na idade adulta, estamos a quarteirões de distância uns dos
outros. Minha vida não seria a mesma sem eles.
Não me lembro de nenhuma vez que tenhamos chamado amigos para dormir
em casa, porque seus pais não deixariam. Acho que (essas pessoas) tinham
uma ideia errada da nossa casa.
Talvez pensassem que você chegaria na nossa casa
e haveria maconha pelos cantos, mas era um lugar muito rígido - nossos
pais não fumavam dentro de casa.
Meu pai era um pai sexy, musculoso e com dreadlocks. Eu tinha orgulho dele.
Sempre que ele nos buscava na escola, eu andava
com o peito estufado e meu nariz para cima. Era como se dissesse: "Este é
o meu pai". Ele era o pai mais sexy da escola.
Sua influência duradoura em mim? Ele disse algo
com o qual eu não concordo 100 por cento: "Se a minha vida é só para
mim, então não quero (viver)".
Mas eu entendo o que ele quis dizer. Se você não
é capaz de fazer algo que provoque mudança, então para que está
vivendo? Mesmo que o nosso tempo juntos tenha sido curto, ele era uma
ótima pessoa para ter como pai.
Cedella Marley foi entrevistada pelo programa Outlook, do Serviço Mundial da BBC
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