Metano
preso há milênios está escapando com derretimento do Ártico, diz pesquisa
Richard Black
Da BBC News
Emissão do gás é tanto causadora
como efeito de
mudanças climáticas
|
Gás
metano que estava preso há milênios no interior do Ártico está sendo expelido
para a atmosfera por causa do derretimento do gelo polar, segundo cientistas
americanos.
Em
estudo publicado na revista especializada Nature Geoscience,
pesquisadores da Universidade do Alasca em Fairbanks (UAF) disseram ter
identificado milhares de áreas árticas onde o metano, que estava preso sob o
gelo, está conseguindo escapar à medida que este derrete.
O
metano é segundo gás mais causador do efeito estufa, após o CO2, e seus níveis
estão aumentando depois de alguns anos de estabilidade.
Moléculas
As
origens do gás são difíceis de serem medidas, já que suas fontes são variadas -
por exemplo, decomposição do lixo e criação de gado.
Mas
os pesquisadores do projeto no Ártico, liderados por Katey Walter Anthony,
identificaram que o gás na região estava retido há muito tempo pela quantidade
de diferentes isótopos de carbono nas moléculas de metano.
A
partir de pesquisas aéreas e de campo, a equipe identificou 150 mil pontos de
metano no Alasca e na Groenlândia, em lagos margeados por gelo.
Amostras
locais mostram que alguns desses pontos estão liberando metano antigo,
possivelmente proveniente de depósitos naturais de gás ou de carvão sob os
lagos. Outras áreas estão expelindo gás mais recente, possivelmente formado a
partir da decomposição de vegetais nos lagos.
Segundo
o estudo, esse fenômeno pode acontecer em outras regiões, onde bacias sedimentares
estão cobertas por um subsolo congelado (chamado de permafrost), por geleiras
ou coberturas de gelo ricas em gás natural. Uma das áreas onde isso pode
ocorrer é o oeste da Sibéria.
Se
o derretimento ocorrer substancialmente até 2100, "o resultado será um
grande aumento no ciclo de metano, com potenciais implicações para o
aquecimento global".
Aquecimento
mais rápido
A
quantificação da liberação de metano no Ártico é uma área de pesquisa
florescente, já que diversos países estão enviando missões para monitorar as
terras e os mares da região.
"O
Ártico é a região do planeta que mais rapidamente se aquece e tem muitas fontes
de metano que podem elevar (sua emissão) à medida que a temperatura
subir", afirmou Euan Nisbet, professor e pesquisador do metano no Ártico
para a Universidade de Londres.
"E
essa é mais uma preocupação séria: o aquecimento provoca ainda mais
aquecimento."
A
seriedade e a urgência da ameaça da situação identificada no Ártico são motivos
de controvérsia - alguns cientistas dizem acreditar que os impactos disso não
serão percebidos por muitas décadas, enquanto outros alertam para a
possibilidade de uma aceleração rápida do processo de aquecimento global.
0 comentários :
Postar um comentário
Obrigado pela participação!