RAMALLAH,
Cisjordânia, - O filme "5 Broken Cameras", indicado ao Oscar de
melhor documentário neste ano, foi exibido aos palestinos pela primeira vez na
segunda-feira, deixando a plateia otimista com a repercussão global do
longa-metragem para sua luta contra a ocupação israelense.
Com uma câmera
amadora e quase sem orçamento, o jornalista Emad Burnat passou cinco anos
documentando protestos semanais contra confiscos de terras realizados por
forças israelenses e colonos judeus na aldeia palestina de Bil'in, na
Cisjordânia ocupada.
Vizinhos são mortos
nos protestos, e equipamentos de demolição pontuam a paisagem, enquanto o
cineasta captura a rápida perda da inocência do seu filho pequeno, como mostram
as primeiras palavras que ele aprende: "muro" e "exército".
"Este é um
filme para aqueles que foram martirizados. É maior do que eu e maior do que
Bil'in. Mais de 1 bilhão de pessoas acompanham o Oscar, e agora saberão da
nossa luta", disse Burnat após a exibição.
"5 Broken
Cameras" concorre com outros quatro filmes, incluindo o documentário
israelense "The Gatekeepers", reunindo depoimentos de seis ex-chefes
de serviços de inteligência israelenses.
Embora com
perspectivas muito diferentes, os dois documentários compartilham de uma
mensagem surpreendentemente similar: que a ocupação israelense na Cisjordânia é
moralmente errada e deve acabar.
O filme de Burnat
foi aplaudido de pé na pré-estreia em Ramallah, capital administrativa dos
palestinos.
"O filme
mostra ao mundo todo o que é a ocupação. Ela eliminou a felicidade do rosto do
menino numa idade muito tenra. Essa tem sido a experiência para todos
nós", disse o taxista Ahmed Mustafa, que levou mulher e filho à sessão.
"Mas nem tudo é ruim. Ele mostra que há progressos, que há vitórias, e que
nossa causa ainda está viva e avançando."
Em 2007, a Alta
Corte israelense considerou que a barreira de separação construída por Israel
em Bil'in era ilegal, e ordenou um novo traçado, o que animou os ativistas. A
sentença só seria implementada em 2011, mas os protestos continuam.
Na sessão de
segunda-feira, humildes aldeões usando lenços palestinos quadriculados e
elegantes moradores urbanos partilharam das mesmas reações viscerais a cenas
que são habituais na imprensa, mas que raramente aparecem em um longa-metragem.
A imagem de
oliveiras reduzidas a brasas depois de serem queimadas por colonos judeus causa
óbvia perplexidade na plateia. "Ai, Deus!", disse um homem.
Mas, quando a
câmera de Burnat se volta para os cânticos desafiadores entoados com o sotaque
de Bil'in, ou quando pedras são atiradas na direção de jipes israelenses em
fuga, o público aplaude extasiado.
O filme foi
codirigido pelo cineasta e ativista israelense Guy Davidi. Essa associação
levou algumas pessoas a classificarem "5 Broken Cameras" como um
filme israelense, e um festival do Marrocos o rejeitou por esse motivo.
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